17.4.20
Poema de volta à vida
Poema de volta à vida
Por Maurício Santini
Sob inspiração de Gibran Khalil Gibran e Rabindranath Tagore
Quando tudo isso acabar, não poderei me acabar de fazer as coisas que deixei de fazer.
Eu não tenho pressa, tenho prece.
Vagarosamente, vou sair às ruas, com o rosto voltado ao vento e deixar a suave brisa da manhã bater em meu rosto.
Vou levantar meus braços aos céus e saudar os raios de sol. Simplesmente aquecer meu coração com as labaredas do Universo.
Sabe o sabiá laranjeira que fica em cima do meu muro? Vou apenas escutar seu canto.
Andar assim, a esmo, sem direção, dirigindo os meus pensamentos à oportunidade de estar entre os que mais amo.
Vou partir para o mar, mas nem vou pular as ondas... vou deixar que elas batam em meu corpo como uma forma de saudação.
Posso até sentir o gosto de sal, mas serei doce comigo mesmo.
E não me esquecerei de fincar bem meus pés na areia.
Subir ao mais alto cume da minha alma e vislumbrar as montanhas, notar os desenhos que se formam pelos caminhos de terra.
Lá do alto vou respirar o ar gélido dos montes, e aos montes, vou suspirar o alívio da volta à vida.
Eu não posso voar de dia, só a noite pelos sonhos, mas meus olhos alados, como um drone, darão rasantes pelos telhados das casas.
Entrarei em cada templo, cada igreja, cada púlpito, cada altar e voltarei minhas mãos em silêncio e oração.
E os abraços? Serão fortes, de tão firmes, e como amálgamas unirão auras em busca do aconchego.
Vou sorrir sim, sem medo de mostrar os dentes.
Vou falar sozinho sem me preocupar se vão me achar um louco.
Vou saborear cada pedaço de alimento que antes eu deixava no prato.
Vou provar a vida, cada naco de segundo, como se eu fosse morrer amanhã.
Vou deixar o celular em casa e me conectar ao vivo com quem está aqui vivo.
Quanto tempo eu não vejo o sol nascer? E me diz, quanto tempo eu não noto o acender da lua?
Quantas vezes eu deixei para amanhã coisas que o amanhã não me trouxe?
Vou vivê-las no meu eterno hoje, no terno das minhas horas.
E se alguém me perguntar qual será a primeira coisa que farei assim que tudo isso acabar, minha resposta será sempre a mesma:
Viver o que me cabe hoje, só hoje. E degustar a minha humanidade, por gratidão.
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