4.2.13

Morto de Saudade

Morto de Saudade

Não é qualquer coração que suporta ser espremido entre as veias
Nem tampouco as aranhas são engolidas pelas próprias teias
Bato no peito e sangro sem medo de sentir dor
Menstruo sobre a cupidez ignorante do amor
O tempo passa e as horas consomem esperanças
Mastigo meu ódio com o tempero das lembranças
Sobra-te este feto, a chorar pelo teu infame peito.
E o leite derramado que manchava nosso leito.
Desfeito pela tua gentil e doce maldade.
Fruto imaturo da tua mais tenra idade.
Resta-me um naco do teu corpo leiloado.
Resta-te o amor e um poema tão quebrado.
Mas, vem logo antes que eu acorde e seja tarde.
Quem ama sempre deve fazer seu alarde.
Recolhe os pedaços do meu peito esquartejado.
Já me mataste mesmo com a tua crueldade.
Ressuscita então este enfermo e morto de saudade!

Sob influência de Augusto dos Anjos

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