22.3.20

Poema Pandêmico


Hoje, toda a humanidade está lavando as mãos.
Mas, quantas vezes lavamos as mãos diante de toda iniquidade?
Quantas vezes lavamos as mãos na bacia do desprezo aos mais desafortunados?
E quantas vezes lavamos as mãos à frente da desigualdade, das diferenças de gênero, raça e crença?

Agora estamos obrigados a lavar as nossas mãos, as nossas próprias mãos, que sujamos com o nosso desrespeito ao próximo.
Estas mãos sujas devastaram o meio ambiente ao longo dos séculos.
Aniquilaram povos, credos e pensamentos contrários, como se fossemos uma casta superior e soberana.
E não foram poucas as vezes que maltratamos os animais e as plantas; que abarrotamos as nossas praias e matas com o nosso lixo; que queimamos as nossas florestas à cata do verde das finanças.
E quantas mãos estavam imundas por promover a mão-de-obra escrava, como se fossem as únicas senhoras feudais da terra e da Terra.

Irmãos, me digam: qual sabonete conseguirá higienizar a nossa auto corrupção?
Que álcool em gel será capaz de gelar nossa vingança ao próximo?
Que vacina a humanidade poderá tomar para imunizar a própria raiva?

Hoje, estamos com medo das nossas ações e reações.
Hoje, o Covid-19 nos convida a cooperar com a vida dos outros.

Esta pandemia chegou para arrancar de vez o surto da ignorância.
E fará com que os homens não lavem tão somente as mãos,
mas, que lavem também as suas almas.
E que transformem, de vez, o vírus da intolerância numa pandemia de amor.

A esperança é a primeira que morre

O espírito é atemporal, mas a carne envelhece. Eu poderia dizer aos meus amigos que me lêem que a juventude está na alma.  Mas há uma palavr...