Anos 70. Recordo-me da existência de dois partidos políticos na
época: Arena e MDB. A Arena era a
legenda da situação, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), mais
tarde apelidado de PMDB, fazia uma oposição branda, apenas reivindicatória. Era um partido parasita da situação.
Com a tomada do poder pelos militares, impulsionado pelo governo Lyndon
Johnson (e não Johnson & Johnson que seria bem mais profilático) dos Estados
Unidos, o Tio Sam dava as cartas por aqui.
Com a adesão ao pluripartidarismo, ao movimento das Diretas Já e da
volta dos anistiados, o Brasil começou a respirar mais livremente a democracia.
Os partidos comunistas (os dos devoradores de criancinhas), que eram
demonizados, podiam, ao menos, coexistir.
Passaram os milicos. E o Presidente Figueiredo, que abominava o
Paulo Maluf, apostou firmemente na opção de Tancredo Neves (ah o velho e bom
oportunista de São João Del Rey) para o governo de transição. O que ele não
esperava é que Tancredo não assumisse a presidência, não por divergências, mas
por diverticulite. A Rede Globo transmitiu o féretro com pompas de herói
nacional. Emocionei-me de fato. Ilusão de ótica.
Para quem sobrou o governo? Para o “coronel” José Sarney, que havia sido presidente da Arena e mais tarde migrou ao PFL, e depois se converteu ao PMDB. O parasita se hospedara pela primeira vez na Presidência da República. Seu
governo foi notório pelo maior índice de inflação que eu pude acompanhar no
Brasil nesta encarnação: mais de 80% ao mês. Naquela época a palavra
Impeachment era desconhecida...
Os marajás (e não os mahas atmas, que são grandes almas na Índia)
sugavam a máquina do governo e esse foi o mote principal do caçador Fernando
Collor de Melo, que venceu as eleições, bancado pela Rede Globo, desbancando o “sapo
barbudo” operário e nordestino. Não demorou muito, e num dos seus surtos de paranoia,
o engomadinho dono da comunicação alagoana, sequestrou todo o dinheiro dos
brasileiros, naquele fatídico empréstimo compulsório. Assim, os “caras pintadas”
foram às ruas e Collor levou uma sonora bota do Planalto.
Para quem sobrou o governo? Para o topetudo do PMDB, Itamar
Franco. Novamente, o partido parasitário tomara o poder hospedeiro. Até agora
não sei o que ele fez no governo, não há registros de sua passagem por
Brasília... Só sei que os índices inflacionários eram grandes e o desemprego
crescente.
Passamos então, à Era Neoliberal da privatização tucana de FHC. Os
votos para a sua reeleição foram comprados e tivemos mais quatro anos de tucanato. O
PMDB estava minguando, minguando...
Depois, vieram os governos progressistas do “sapo barbudo”, cujos
números da economia no país são ainda imbatíveis. Até chegar ao governo histórico
da primeira mulher como chefe executiva da pátria, a mátria!
O primeiro mandato
de Dilma Rousseff deu continuidade às políticas sociais de Lula. No entanto, a
crise mundial que, como um tufão, já deixara rastros de destruição na Europa e nos
Estados Unidos, deixou de ser uma marolinha para transformar-se num furacão
recessivo. E o Brasil mergulhou de fato e fundo na crise. E, como não poderia
deixar de ser, a mulher foi condenada à crucifixão, à morte no Golgota por
corrupção sem provas. Centenas de políticos envolvidos, de diversas siglas
partidárias, em escândalos de desvios de dinheiro e propinas, e a “terrorista e vagabunda do estádio de Itaquera” foi condenada, sem julgamentos, à execração
pública.
Hoje, uma comissão eleita para julgar o processo de Impeachment de
Dilma, com nomes “probos” da política nacional como Paulo Maluf e Eduardo
Cunha, trabalha incessantemente para aprovar a sua expulsão, a que chamamos
carinhosamente de Golpe.
Se aprovados todos os processos, a presidenta Dilma será a
primeira líder de uma nação, que será escorraçada do poder sem que se prove
improbidade administrativa ou envolvimento com corrupção. Exclusive as
doações de empreiteiras para as campanhas políticas, prática nefasta que só uma
reforma política aniquilará, e que a presidenta Dilma se propôs a realizar, sem
apoio. E as empreiteiras que deram dinheiro à sua campanha? Ora, eu não conheço
nenhuma candidatura que não receba doação de campanha. Isso é que, na verdade,
sustenta políticos profissionais especialistas em candidaturas como, por exemplo, o caricato Levy Fidelix e o democrata cristão José Maria Eymael. Reforma Política já!
O Brasil já esteve em
crises muito mais devastadoras do que a atual e, nem de perto, foi aventado o
Impeachment. Este golpe político e vestido de constituição é uma afronta à
vontade soberana do voto da maioria da nação.
E, mais uma vez, vai sobrar para quem o governo? Para o
vice-presidente do Brasil, Michel Temer, do PMDB, partido parasitário
brasileiro que hospedará nomes como Armínio Fraga, Sergio Moro, Gilmar Mendes e
José Serra.
Como isso dá certo!
Mais
uma vez, o Parasitismo pode ofertar ao PMDB, a Presidência da República. Certamente,
nos próximos anos, eles disputarão as eleições para a Vice-Presidência do Brasil!
Parabéns, Maurício. Brilhante nas palavras, como sempre. Bravo brasileiro!!!
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