21.9.18

O MAYA DA MERITOCRACIA E DA OSTENTAÇÃO


O Brasil foi educado a pensar como elite. Sempre foi assim. O pensamento neoliberal da "meritocracia" escancarou uma mentira: você vai ficar "bem de vida" se trabalhar com dedicação e afinco e servir ao seu patrão incondicionalmente. Assim você chegará lá! Ledo engano. Qual o percentual de trabalhadores e profissionais que deram seu sangue e seu alma em prol de um empreendimento ou de um negócio e ficaram ricos? Diga-me com sinceridade.

É certo que o trabalho enobrece o homem, dignifica. Mas, o mercado devorador de energia promete que se você roer o osso, no futuro você comerá a carne. Até hoje eu espero meu filé...

Outro pormenor que não pode passar despercebido é sobre a famigerada meritocracia. Quem têm méritos? Apenas os que possuem qualificação superior e vocação para capachos? Não teria méritos a faxineira que limpa o escritório para você trabalhar sem baratas? Será que um carteiro que trabalha 12 horas por dia, sol a sol, caminhando com um andarilho no deserto, não teria méritos?

Todos os trabalhadores têm méritos, todos têm importância dentro de um contexto social. Se a faxineira não limpar a sala, os ratos tomarão conta, as doenças se proliferarão. Se um carteiro não entregar as cartas você não receberá suas encomendas, não pagará seus boletos.

O cidadão cresce com a ideia que ostentação aquilata respeito. Assim, o motoboy gasta 50% do seu salário em um tênis garboso e importado, paga 24 prestações para exibir seu iPhone de ponta e faz crediário para adquirir uma TV 200 polegadas 4K. Trata-se de um cidadão exibiciniosta, iludido por ganhar respeito em seu meio. E esta será seu fim. Ele quer ser igual ao afetado dos Jardins. Quanta ilusão, ele continuará a ser pobre e ser visto como pobre.

Isso não significa que as pessoas não devem buscar o melhor, claro que não! Mas, chegar à condição de semi miserável com o mote de elevar a autoestima e obter vanglórias é no mínimo um pensamento pequeno e presunçoso.

O abastado passa com seu carrão, e eu não estou nem aí. O empinado usa Lacoste, eu nem chego a notar o jacarezinho. O metidinho à besta tem um iPhone 3000 e eu nem olho pra sua mão. Eu simplesmente não dou valor algum para o que as pessoas exibem. Eu reconheço o que elas têm por dentro, e não por fora.

A riqueza, o endinheiramento, o poder podem ser grandes armadilhas cármicas. A pobreza também.



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