30.10.18

DEUS, ACIMA DE TUDO


Não é de hoje. Desde a sua aparente descoberta, no anno da Graça de 1500 do Nosso Senhor, o Brasil promove massacres raciais, incita violências, fomenta golpes e aniquila liberdades de pensamento e de expressão.

Quando as caravelas do corpulento milionário Pedro Álvares Cabral por aqui chegaram, encontraram centenas de milhares de índios, hoje chamados de indolentes e inúteis. Os portugueses invadiram per si, tomaram as florestas, estupraram as mulheres, escravizaram as crianças e chacinaram as tribos. Em nome da Companhia de Jesus, substituíram deuses e colocaram um Cristo impositor e impostor, enquanto muitos sacerdotes da Santa Magna Igreja Católica abusavam sexualmente das meninas e dos meninos.

Era preciso construir uma nação. E assim, a escravidão foi a alternativa adotada para usar mão de obra relativamente barata e produtiva. É impossível mensurar o número de escravos negros trazidos da África, muitos negociados por comerciantes judeus da Europa, desembarcados pelos navios negreiros de sujeira, de moléstias e de pestilências. Ao longo de sua história de sombras, milhões e milhões de pretos foram dizimados por chibatas, em troncos e pelourinhos, abatidos e caçados como animais. Hoje, os quilombolas são comparados a gado e chamados de vagabundos. Muitos capitães do mato daqueles tempos trevosos estão encarnados aqui no Brasil novamente. Muitos, inclusive, são negros, negros racistas de sua própria pele. Quanta infâmia!

Não se dão conta que grande parte dos vultos altivos da humanidade como Krishna, Gautama, Gandhi, Ramakrishna, Lao Tsé e até Jesus de Nazaré não tinha a tez clara e nem os olhos azulados.
O tempo vai passando, as cidades seguem crescendo. A Inquisição aterrissa do inferno e persegue homossexuais, na época chamados de sodomitas, e judeus, taxados de assassinos de Jesus. Atualmente, este pedaço de terra manchada de sangue é o que mais mata a comunidade LGBT no mundo, uma pessoa a cada 19 horas. Nem passa pela cabeça de um assassino de gênero, devoto dos valores da família tradicional brasileira, que muitas vezes esta alma que hoje mata um gay ou uma lésbica, já reencarnou na pele homossexual, e não foi apenas uma vez...

O Brasil declarou sua independência de Portugal no mesmo dia em que o futuro Imperador Pedro I teve uma jorrada disenteria: seria um sinal do que estaria por vir?

Pedro I caiu do cavalo, quebrou vértebras e costelas, colocou a amante quase na mesma cama que a Imperatriz e comia quase toda a Coorte. Era o típico playboy garanhão que hoje se incomoda de andar de avião com a ralé. Olhava de cima pra baixo, mas na hora de tomar sexualmente uma escrava ou a mulher de algum bajulador, olhava de baixo pra cima.

Antes de Pedro, o Brasil já havia incinerado duas insurgências, uma em Pernambuco, outra nas Minas Gerais. Nesta última, expulsou os abastados, e assassinou dois líderes. Cláudio Manoel da Costa, assim como Vladimir Herzog, foi “suicidado” na Casa dos Contos; e o alferes Joaquim José, que foi elevado no posto do herói nacional, foi esquartejado. Seus pedaços serviram de vitrine para dar exemplo.
No segundo reinado, o Brasil uniu-se a mais um ato covarde, aniquilando, em parceria com os poderosos da América do Sul, o reino do Paraguai, como se assim fosse preciso esmagar o inimigo. Uma vergonha para Pedro II.

No fim da monarquia, a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Não por bondade, mas por pressão internacional. E os negros foram libertos das mãos da colônia para serem amarrados nos troncos da miséria.

A República também veio por golpe. E não tardou em promover a primeira chacina, a de Canudos, retratada por Euclides da Cunha em Os Sertões. É importante ressaltar que Antonio Conselheiro, que um dia abriu seus braços e acalantou seu povo, está reencarnado e já o prenderam.

Em menos de 100 anos republicanos, o país enfrentou duas ditaduras, diversas revoltas, dois processos de Impeachment. Um presidente suicidou-se, um morreu antes de ser empossado.

A ameaça vermelha e “bolivariana” de um comunismo que só existe no papel, já fez vítimas às pencas. Odeiam e vociferam contra uma forma de estado que jamais existiu e jamais foi aplicada. Você sabe qual o último estágio da aplicação do comunismo? A extinção do Estado. Por acaso, você conhece algum país comunista que tenha formado comunidades e depois extinguido o Estado?

Andre Luiz, um dos mentores do médium Chico Xavier, na obra Nosso Lar, descreve uma comunidade autossustentável, onde todas as pessoas são iguais e exercem funções, capitaneadas por lideranças sem um estado autoritário. Foi nesse livro que eu encontrei algo mais parecido com o que chamamos de comunismo. Onde está o inferno? Mas, ali pode? Afinal, os mortos não precisam de dinheiro, não é mesmo?

Neste universo verde amarelo, é proibido pensar nos programas sociais sem ser untado ao capeta. Aqui, o capiroto realmente veste vermelho, ele está à espreita, ele vai invadir sua casa e morar no seu quarto. Aqui a palavra Democracia tem mais a ver com o prefixo popular Demo, de demônio, do que propriamente em seu significado real, o povo.

Alguns políticos acusam a esquerda de ser assistencialista, aliás, o que se convencionou chamar de esquerda, que teve seu berço na Constituinte pós Revolução Francesa. Ao mesmo tempo, a ultra direita frequenta um centro espírita para derreter as ziquiziras e receber o passe magnético. Isso não é assistencialismo? Espírito pode?

Todos somos espíritos!

Os menos radicais defendem a meritocracia como se as pessoas não tivessem o mesmo grau de importância no Universo. Os que podem ascender são aqueles que tiveram oportunidade para estudar, ou trabalhar na semiescravidão, ou puxando o saco do patrão ou o tapete do companheiro de trabalho. Meritocracia não serve para a faxineira, para o motoboy, nem para o porteiro.

Depois, eles gritaram: corruptos, corja de ladrões! No entanto, apenas um único partido, que contribuiu certamente para que esta divisão ocorresse, foi o responsável pela corrupção no país, como se o povo deste pedaço de chão também não tivesse a cultura da corrupção arraigada em sua alma, em sua educação. Grande parte da humanidade se corrompe e isso percebemos no nosso dia a dia. Todos os partidos políticos, sejam de direita ou de esquerda, têm corruptos e tem gente honesta. Mas, apenas um bode expiatório foi eleito pela maldade.

Nestas últimas eleições majoritárias assistimos a um espetáculo dantesco de polarização radical. Mulheres fraquejadas, ganhando obviamente menos porque engravidam, defendendo um político misógino e machista. Muitos homossexuais, homens e mulheres, que na pré-adolescência não “apanharam” o bastante, segundo a visão de um político homofóbico, depositando confiança em seu algoz. Baratas que votaram no inseticida.
Qual a Pátria do Evangelho estas pessoas desejam para si e para os seus? Você já comprou sua arma para defender sua família? Você já brincou de metralhadora com o seu filhinho hoje?

Em meu Rádio Consciência e à sua consciência, caro ouvinte, eu falo de Krishna, Gautama, Ramakrishna, Yogananda, Jesus, Lao Tsé... Mas, como falar de Krishna, que era tão negro como o breu da noite, se parte da humanidade brasileira é racista?

Como falar dos grandes filósofos gregos e ocultistas homossexuais, se boa parte dos que me escutam são homofóbicos? Como falar de Xamanismo, se o índio é encarado como preguiçoso e vadio?
E, por fim, como falar de Paz e Amor, se o político que venceu as eleições do mais alto cargo de uma nação, carrega seu discurso de ódio e preconceito, incita a violência, promete liberar a caça predatória de animais e de inimigos vermelhos e deseja armar a população?

No mundo de hoje, é muito bom andar amado, e não armado.

E melhor ainda é amar, porque este Amor, que eles defendem como Deus e Bíblia não se encontram apenas nos versos das escrituras sagradas. Este amor capaz de transformar uma lagarta em borboleta, uma tempestade em raios de sol, uma avalanche de neve em floresta, um galho seco em flor, este amor habita no interior de nós.

Este amor é o que muda, é o que transmuta como um milagre, é o que deveria ser a plataforma de governo do mundo todo, sem pieguices bíblicas e palavras soltas ao vento.

Este amor não tem raça, não tem cor, não tem credo, não tem religião, não tem gênero, não tem ideologia política. E, muito embora, hoje nos pareça que este amor está sufocado pelo egoísmo e pelo medo, ele é eterno, imutável e incorruptível!

Este amor pode verter um Mao Tsé em Buda, um Mussolini em Krishna, um Hitler em Cristo!
Posto tudo isso e tanta coisa ainda por dizer...
Reflita nestas palavras:
Quem busca o azul de Krishna jamais pode se vestir de racismo;
Quem procura o equilíbrio de Sidharta Gautama jamais pode incitar a violência;
Quem quer a candura infantil de Ramakrishna jamais pode colocar armas nas mãos das crianças;
Quem percebe o brilho dos olhos de Yogananda nunca deve fechar seus olhos aos mais necessitados;
Quem reconhece a sabedoria de Lao Tse em hipótese alguma deve servir a ignorância a seus irmãos;
Quem vibra com a serenidade de Francisco de Assis não pode aceitar a morte predatória da natureza;
Quem adormece no colo da Mãe Maria de Nazaré em nenhum momento pode desrespeitar as mães divinas que habitam em todas as mulheres;
Quem bate no peito e diz que representa Jesus, deve acolher a todos: gays, lésbicas, trans, negros, índios, brancos, ricos, pobres, miseráveis, doentes, maltrapilhos e até os inimigos.
É com esta plataforma de governo, calcado no Amor, é que Deus, de fato, estará acima de tudo.

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