14.2.12

O "eu" matou Whitney

Ela nasceu no dia 9 de agosto, uma leoa negra, africana, linda.
Falar da voz de Whitney Houston é chover no molhado. Suas interpretações eram impressionantes, sua força, sua fibra, a veia romântica blues, triste, melancólica.

No entanto, desta vez nem o Guarda-Costas do Universo conseguiu protegê-la de si mesmo. Whitney deu as costas para a vida numa banheira de lágrimas. O que houve?

Atolada numa vida de altos e baixos, entre álcool, drogas, anti-depressivos, remédios para dormir, Whitney não sabia lidar com o esquecimento. Bateu recordes e recordes de vendas de discos, espetáculos entupidos de loucos, TVs, rádios, cinema. Uma diva.

Todavia, o sucesso inebria, turva a visão. O sucesso é bem mais perigoso que o fracasso porque é um ópio, uma bebida prazerosa que pode levar à ruína. O sucesso bate nas tuas costas, te paga um drinque e te leva para caminhos tortuosos. O sucesso te sequestra para longe das pessoas que você ama, que te amam, e te carrega ao mundo das sanguessugas.

Quando todo seu fluido vital já for retirado da tua alma, você, jazida, sem energias, se entrega aos braços do fracasso. E parece que não tem mais volta... Mas, o que te trouxe de fato à escuridão? Foi a ilusão do sucesso. O véu de uma divindade que se tornou humana novamente. Assim, caímos de novo na condição de meros espectadores da vida, de seres normais, esquecidos e pouco amados. Sim, somos pouco amados...

Whitney morreu por excesso de "eu" e falta de amor.

Quando ela acordou, já não era mais nada. O sucesso havia sugado tudo. E o fracasso dormia com ela na banheira...

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