23.2.12

O SAPO E O POETA

Um rapaz de 22 anos, que eu não conheço, me mandou um e-mail me pedindo algo incomum para a sua idade. Ele está apaixonado por uma moça e queria que eu fizesse um poema para ela com a proposta de conquistá-la. Eu achei bem pitoresco, um belo gesto, um pouco fora de moda, infelizmente. Talvez um funk carioca falando de falos e bundas, ou um pagode paulsita de rimas fáceis, ou breganejos enjoados, façam mais bonito neste momento.

Minha resposta ao rapaz foi automática:

- Amigo, fiquei contente com o teu pedido. No entanto, pela minha experiência como poeta e compositor, nenhum texto que você escreva, nenhuma homenagem que você renda em forma de versos e liras, nada disso conquista mais uma mulher. Elas falam que gostam, acham lindo, mas quando o texto é voltado para elas, simplesmente elas dão de ombros. Sabe por que? Porque você se mostrou! No fundo, elas só querem ser amadas, apreciadas, mais nada...

Ele respondeu o e-mail insistindo em querer entregar algo para a menina...

E novamente eu frisei:

- Meu caro, acredite, poema não ganha mais ninguém! Toda vez que eu entreguei um poema para a mulher amada eu me dei mal. Nunca eu me dei bem! Eu só me dei bem quando o meu poema não tinha a intenção de conquistar. Creia, o homem é mais romântico do que a mulher! É porque elas se expressam mais. Elas acham tudo muito bonitinho no campo dos sonhos, quando isso se torna realidade não serve mais! O príncipe é algo a ser esperado, quando ele se materializa não interessa mais. Vira sapo.

(a maioria das mulheres detesta quando eu escrevo estas coisas porque atinge diretamente a elas. Então, o algoz passa a ser eu, o escritor, nunca elas... Mas, como em todas as regras, há exceções).

Um comentário:

Gêneros, raças, credos... estamos, mas não somos!

Somos espíritos encaixados em corpos perecíveis. Tal pensamento de Krishna corrobora com uma série de situações do cotidiano. Entre elas est...