Eu renuncio a este amor arenoso. Ele pode me edificar com lágrimas, mas eu não escolho ser construído pela dor. Eu prefiro alegria, liberdade, segurança, destemor. Não quero ficar pensando nas perdas com ganhos transitórios.
Meu amor, se você estranhar a razão pela qual eu vou sumir, pense que, para me encontrar, eu precisei fugir de você.
O jardineiro - 41
Eu gostaria de te dizer as palavras mais verdadeiras que tenho para ti; mas não me atrevo, porque poderias não me acreditar. Então eu as disfarço em mentiras, dizendo o contrário do que eu gostaria. Torno absurda a minha dor, para que não o faças tu...
Eu gostaria de usar as palavras mais preciosas que eu tenho para ti, mas não me atrevo, porque poderias me pagar com palavras de igual valor. Então eu te falo com rudeza e caçoo de ti com a minha força endurecida. Eu te maltrato, para que jamais conheças minha dor...
Eu gostaria e sentar ao teu lado, em silêncio, mas não me atrevo, para que o meu coração não me saia pela boca. Então eu fico tagarelando e brincando, escondendo o meu coração por trás das palavras. Controlo duramente a minha dor, para que não a controles tu...
Eu gostaria de sair do teu lado; mas não me atrevo, pois temo que assim ficarias conhecendo minha covardia. Então eu levanto a cabeça e chego distraído à tua presença. E tu, com os insistentes golpes dos teus olhos, sempre renovas a minha dor...
Rabindranath Tagore
